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HOJE SÃO GAZELAS
INATINGÍVEIS O
Fashion Week é a semana da
utopia moderna. O mundo é ruim? A moda é bela. A vida é dura? A moda é
o ideal de sucesso impossível para nós. Depois do prêt-a-porter, as
manequins são o front de um mercado de bilhões de dólares.
As manequins mudaram com os tempos. Já foram oferecidas, já fizeram
beicinho, já foram chics e hoje são gazelas inatingíveis marchando como
soldados diante de nossa solidão comum.
Gisele Bündchen, por
exemplo, parece dizer: "Minha beleza é solitária, não preciso ser
posse de ninguém, sou amante de mim mesma." O amor e o sexo
estragariam sua perfeição.
Para a manequim moderna não há o outro, só ela, faminta e sem amor. Ao
contrário da mulher das revistas Sexy, que é mulher para homem, a
manequim é mulher para mulher.
Ela aspira a uma independência inatingível, a uma espécie de feminismo
imaginário. Ninguém veste as roupas que elas desfilam. Nem precisa. Elas
são os raros símbolos de felicidade de um mundo em crise. A verdadeira
Gisele Bündchen não quer existir. Ela quer ser um fruto de nossa imaginação.
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