TEMPO DE SORTILÉGIO * A utopia
Por: José-Augusto de Carvalho
Morria cada dia um poucochinho.
Falava de amanhãs que não veria.
Em cada flor da berma do caminho
só versos de canções de amor colhia.
E lágrimas de sangue e sal vertia,
doído, quando o débil passarinho,
nas ondas de furor da ventania,
caía, em perdição, do frágil ninho.
No entardecer das horas já cansadas,
o arrimo do cajado solidário
trazia forças novas às fraquezas.
Na sedução das noites estreladas,
buscava, impenitente visionário,
além do chão, as cósmicas certezas…
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 21 de Outubro de 2013.
|