Sucesso, fracasso... depende de quem analisa
Por: JOSE ROBERTO TAKEO ICHIHARA
Uma hora a briga de torcida vira coisa séria?
Em pouco de menos de 15 dias o Brasil viu duas manifestações populares pró e contra o novo governo. A primeira foi contra o corte/contingenciamento de verbas para a Educação, sob a alegação de balbúrdia nas Universidades Públicas, anunciado pelo ministro Abraham Weintraub. Aos que acreditam que o povo não tem força para mostrar a sua insatisfação, a reação foi inesperada e a conversa do governo mudou de tom. Já a segunda tentou ser abrangente e visou colocar o Congresso e o STF na linha de tiro da opinião pública, mas não foi desprezível.
Aos que pensam que isso é perda de tempo, é bom rever suas convicções. Toda vez que ocorre uma manifestação popular de grande repercussão nacional e internacional, os alvos pensam duas vezes em manter as decisões que desagradaram os atingidos. Não tem outra maneira de demonstrar isso! Se quem se sente prejudicado não mostrar a sua insatisfação, como as autoridades saberão disso? Bem ou mal, à parte os contratempos que isso causa, é a forma democrática e ordeira de exercer a reivindicação dos seus direitos. Não tem por que ser contra.
Passados os acontecimentos vem a análise dos que se julgam especialistas no assunto, incluindo a mídia tradicional e os que se manifestam nas redes sociais. O primeiro foi mais expressivo, o segundo mostrou a força do governo, além de ser feito num domingo porque só vagabundo faz protesto em dia normal... e por aí vai. Engana-se quem acha que a mídia não tem lado, que atua de forma imparcial, em qualquer que seja a situação de crise no país. A conclusão, portanto, fica a critério de cada simpatizante dos movimentos. Está mais para briga de torcida.
O fato é que o cenário sinaliza que outras manifestações ocorrerão por motivos que convergirão para o mesmo assunto. Esses que aconteceram recentemente foram distintos. Um por causa dos cortes/contingenciamento de verbas para a Educação; outro pela aprovação da Reforma da Previdência e a manutenção do COAF sob o ministério do Sérgio Moro. Talvez por isso a conclusão dos efeitos seja divergente quanto ao efeito do movimento. Brigar por educação é uma coisa, acreditar que a mudança num sistema trará dias melhores é outra muito diferente.
Mas para quem não esquece que a corrupção é o grande câncer do nosso país, uma notícia chamou pouca atenção por causa de assuntos mais importantes no momento. O Ministério Público Federal do Paraná, acatou o pedido da venda do Sítio de Atibaia, feito pelo proprietário, o empresário Fernando Bitar. Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses, sob a acusação de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, envolvendo este imóvel. Por que a Justiça autoriza alguém a vender algo que não é seu? Este caso joga muita desconfiança sobre a Operação Lava Jato.
Sobre a redução da violência no Rio de Janeiro, a análise é unilateral. Por que não comparam com o aumento de mortes de negros nas favelas, pelos policiais, desde o início do novo governo do estado? Ele já deu um show midiático sobrevoando uma comunidade pobre empunhando um fuzil, como se fosse isso que resolve a desigualdade social. Mas uma parte da população acredita e aposta que o caminho da paz é por aí. Com a facilidade de acesso às armas, todos se sentirão mais seguros. Mais ainda com a construção e privatização dos presídios.
Enquanto os Três Poderes não demonstrarem para o povo que trabalham pelo interesse do país, o contribuinte isento de paixão político-partidária sempre os verá com muita desconfiança e pouca credibilidade. Simultaneamente ao corte de verbas para a Educação, a sociedade vê o descalabro sobre a licitação de refeição para o STF. Da mesma forma que nomeações com salários incompatíveis com a situação de penúria que o ministro da Educação alega que estamos vivendo. Falta verba para quem, cara-pálida? O cobertor oficial só procura cobrir a cabeça.
J R Ichihara
28/05/2019
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