Meu livro : Palavra em órbita
Por: andre mendes
Liberdade
Sou livre como as estrelas,
que
brilham para
o universo,
e para si mesmas.
Sou livre, tanto
quanto
as minhas
asas,
e tenho a liberdade
do silêncio,
e a
prisão dos dicionários.
A palavra
É tudo que
preciso,
Palavra é a minha Oceania,
Meu
arquipélago
De solidão,
Palavra, absurda inaceitação!
Palavra
é tudo!
Biblioteca
O que tem?
A palavra
de tudo
ou
O absurdo
Do acumulo?
O que tem?
a mudez
ou
nudez
despida e crua
do conhecimento
tragado pelas
traças?
Medo
Coloquei um
vestido
despido
para meu
medo.
Vomitei um orgasmo
O medo
cifrou um
novo
enigma.
Sinto medo,
tão incoerente
mas crente e ardente
de
convicção,
cuja
a minha existência se
faz sentir.
Instinto
Viajo no
oceano
dos meus desejos.
Naufrago
pois o
mistério
não cabe a
mim responder.
Transpiro
no
único
jato
de suor.
Desejo
vulcânico
continua
a lavar
a minha inquietude.
O meu
desejo
já não mais meu
é alheio
a mim.
Transgrido
os
meus
valores
exponho a face
à tapas,
Eu não me
rendo!
Sou
dono e responsável pelo
meu delírio
racional.
Estações
Encontro flores
no
inverno desconhecido.
O outono dos nossos braços despiu
a
saudade.
A lacuna
inocente da primavera
para o verão
faz de
mim
um poeta solidário
com mundo.
Hoje
Quero beijar o seu
sexo
até que as estrelas ninem
o
nosso
orgasmo.
Para sugarmos o
prazer mútuo no suor
do
nossos corpos.
E gememos
e gritamos
para as estrelas
testemunhas
de nosso
delírio de amor.
Culpa
Sinto
a culpa
da
desculpa.
Sinto o cansaço
de mil
Everest.
A
sensação
de derrota
como
um
hálito
diário
lindo
no café da manhã.
Culpa sentimento
emoção destituída
Confissão
O meu
relógio vomitou
Números
Cifras bilionárias.
O meu relógio
cuspiu de
Si ponteiros
E segundos,
Minutos, horas.
O meu
relógio já
Não, mas inteiro,
Torturado
pelo tempo
Confessou seu
último desejo:
-divórcio eterno ao tempo.
Preciso
Preciso
morar
comigo
mesmo.
Transar comigo
mesmo
até
inorgasmo
de inaptidão.
Até dizer
que não confundo
medo com
corvadia.
Preciso
arrancar
essa máscara
que
me
esconde.
Protagonista
de ser
que teme
a si.
Esconde
a
real face
na inaptidão
das luas cheias.
Preciso tirar
isso
de mim.
Preciso
de nada
para tudo.
Tirania da
bondade
Possuo a
bondade
dos tiranos,
o
orgasmo
dos
genocídios.
A
benevolência dos
homicidas.
A inocência
das
prostitutas,
a paixão
dos fascistas.
A fome insaciável
da mídia por
notícias sangrentas
e estúpidas.
Possuo o
vômito
da
política
dos políticos,
a fobia
da
fobia social.
Estamos
todos
à venda,
Postados em selo
de eterna colônia de si.
Estamos
no calvário
de nossas
sombras
algemados
em
crenças
inumanas.
Estamos
velando
os ossos de
nossos
atos.
Não sabemos se
acreditar é
desacreditar
e agir é
assobiar
a nossa lúcida
omissão.
Estamos
completamente
e inapelavelmente
condenados
da bondade daqueles que
se matam
sem querer.
Sorte
A inexistência
de
te faz
do nada o vazio
da
lacuna
um abismo
da montanha um planalto,
A sorte traduzível
pelas culturas, inexistente
nua e inocente,
Jamais beija
a
existência
dos nossos
atos.
Verdade
Quem
és?
Um dado
jogado no escuro
por um cego - mudo?
Verdade
outra
face, sem rosto
a palavra
sem letra,
A arte sem nada?
Verdade se não fosse
você mesmo.
O que seria de te?
Indeciso
Estou indeciso
entre eu e
mim
mesmo.
Fujo da
decisão homicida,
que beira
a uma divisão de
mim.
Tenho medo de
fracassar
e reencontrar a minha real
Pequenez.
Toda a minha grandeza
do tamanho de uma lágrima.
Estou indeciso
não fugitivo,
estou incerto
não incorreto.
Preciso tirar ferias
de mim.
Íntimo
Alguns momentos
São tão meus,
Que não
lhes dou
A
ninguém,
São momentos
de nunca
para
sempre.
Não Verás o
pôr-do-sol
Acorda-te
não verá s crianças
brincando,
Acorda-te
não amarás a última
mulher.
Acorda-te
não viverás a última chama.
Acorda-te
não
verás o segredo embutido na carne.
Acorda-te não darás o
último sorriso.
Acorda-te:
- É preciso ver a impureza do mundo.
Sob o Corpo
As minhas mãos
percorrem os rios
do teu corpo
Segue o curso
no suor
ao
teu
umbigo
Ainda há
cachoeiras
nos teus seios,
há
mistérios no teu corpo
demais para
o anonimato
das minhas mãos.
Para o Corpo
Hei
de pegá-la
e traçar um
limite
dos teus gestos e gemidos
traçarei
sempre
com beijos
ininterruptos
sob o teu corpo inteiro.
Na
selva, na miragem,
na cobertura
do mistério.
Na calma mútua
sob a cama
um
oceano de gozo.
Sonhar
Sonhar é outra
forma
de
amar
Quem sonha
Tem um caso de
Amor com
a vida.
Uma Lágrima
Quanto vale uma lágrima,
salgada e cheia,
destas que
inundam e
curam a alma,
uma gota, pequena e serena.
Uma lágrima
densa
que dança entre os contornos
da face bela e
morena.
uma
lágrima de Cristo,
que lave a minha impureza.
Quanto
vale uma
lágrima
ao qual o mar abriga?
quanto será que vale um
oceano imerso
de lágrimas?
Um
Pequeno Passo
Um pequeno
passo
faz um
pássaro ser livre
e mãos trêmulas
paralisarem por
iminente segurança.
Um passo verdadeiro
faz a vida
no instante
novo.
Casa-Corpo
Não
possuo corpo,
a minha casa é a
fagulha do tempo
Adquiro novos
hábitos
cada mudança
deixo de me pertencer.
Não tenho casa
tampouco corpo,
sou andarilho que
renega
a sua
própria
transitoriedade.
Assassinato
Corro
Amplio-me
Na
multidão.
A vida urbana
tragada
A cada
Instante de
Inexistência de ar.
Uma Mãe
Uma mulher estéril chora,
se ela
pudesse
arrancaria
o seu útero
e o faria
brotar das cinzas.
Mulher
tão feita,
Tão impura,
Castigada pela a sua
Própria fraqueza;
E, no entanto,
Quando mãe
Torna-se outra
primavera,
Com várias
e invisíveis flores,
ressurge e
renasce
MÃE!
Forma e conteúdo
Quero escrever uma poesia
Que seja de
Conteúdo
simples.
Quero escrever uma poesia
Que ultrapassa
Os limites
Da
forma.
Quero escrever,
Uma poesia
Que flutua como
Estrelas,
mas de infinita
expressividade
Adolescente
Existe uma constelação
de
Mil planetas
Dentro de cada
adolescente.
Inexiste a
pureza
Da beleza,
Inexiste
o
nada.
Seres
humanos
Somos muitos
tão
inigualáveis e frágeis
tão
singulares e imprevisíveis,
somos seres
humanos.
somos muitos
talvez haja mais,
somos muitos,
Por
isso, ainda, somos.
seres humanos.
Sereia anônima
Não possui
areia,
Mas a brisa do teu
Corpo
É o encanto
Dos mares!
Ouro
Preto
Ouro Preto caminha
com a gente
respira e
renasce,
a cada romaria nova
e ressurge das cinzas.
É uma carne da arte viva,
é pungente olhar
do sofrimento,
e da beleza que
naturaliza
quem vier saborear
do seu encanto.
Ouro Preto
lembra
tudo!
As suas montanhas,
é o regresso
do vale de seus
Segredos,
Ouro Preto não é
De ontem nem
De hoje,
Ouro Preto, eterno “ouro
negro”
É do infinito.
Despeço-me
de mim mesmo
dentro de
Ouro
Preto,
E volto ao
Seu seio
de esperança!
Hoje II
Hoje
preciso falar,
Preciso
Dizer
a
resposta
Que jamais
Ouvi.
Não será preciso,
que os meus
olhos
se mirem
Nas
montanhas, irreais
das demagogias.
Esquina perdida
Onde eu
me deixei?
Nos braços da liberdade?
Ou nos ecos
Das utopias?
Nas eqüinas
Sujas e surdas
Dos
políticos?
Ou na
Palavra morta
Dos visionários?
Aonde eu me
deixei?
Ciúme
De que você é feito?
De medo
Ou de
Vida?
Do que eu gosto?
Do computador?
De desenhar
Do meu quase nada
Do meu absurdo?
Do que eu gosto?
Da
vida
Ou do medo?
Do abismo
Ou
Do
Vício.
Indizível
Tenho uma
palavra
Há anos
Perdida dentro de mim
Uma palavra,
Que
desconheço
Não
existe nos dicionários,
É o mistério de
Mim.
Silêncio
Quem pode
Ser mais potente
Que
tu?
Que grita
e
Inquieta
Os surdos!
A minha
Angústia
A minha angústia
é do amanhecer,
Crescente e
aguda.
A minha angústia
Fala de
Mim mesmo.
De quem tanto
Temo!...
Quero
Quero ser livre
Como
o sonho
Das estrelas.
Quero ser livre
Como o beijo
Proibido
dos
amantes.
Quero ser livre
Como o próprio
Sonho,
Que não
tem sexo
nem identidade.
Estou
Estou
drogado
pela realidade.
Alcanço
a
nirvana,
Mas, o
meu delírio
continua
fluorescente.
As tardes
rosadas,
nuas, inocentes,
respiram
o aconchego de
segurança
imprescindível
que clamo aos céus!
Bebo
a solidão
dos
fanáticos
e permito-me
a invasão de todos,
não na minha
intimidade!
Desabitada por mim
há milênios............
Expresso
o que todos
desejam,
um anseio
coletivo.
Agora, sirvo
de mim mesmo,
sem saída
encontro-me
na
esquina esquecida....
Vencido, não fujo!
Tenho a loucura
dos
lúcidos,
a certeza dos monótonos
que não vale nada!
As
minhas
certezas
não valem nada?
Talvez valha, o
cuspe de um
mendigo
fruto
do capitalismo.
Ainda, que
haja
explicação,
o
meu coma
no hiato de
segundo,
durou
anos-luzes,
até a
eternidade é curta....
Volto, porque o
espelho da realidade
me
chama,
Por isso, estou em
pura overdose,
maldita realidade!
Maldita seja ela!
Por que
vã realidade
esteriliza
toda a minha criação?
Comemos
emoções em
tubos,
Morremos tão cedo
quanto jamais
imaginamos
apesar
de existirmos,
estamos
mortos
somos
vômitos
do que
sentimos ser!
Preciso
de ilusões
que me tire
dessa
hipnose
ridícula.
Quero,
a essência
de mim...
de volta
Só ela
exorciza
o meu
desejo
de resolver
a
utopia
do meu ser.
A um novo
Amor
Antes
que a chama se apague,
gritarei
alto
e teu nome
para os
pássaros se encantarem.
Gritarei
defronte aos horizontes
tudo que
sinto, por você!
Mas isto é pouco
pois, tenho agora, meu amor
todo o sentimento de uma vida
e não vou
desperdiçá-lo.
Por isso abro os braços,
dou-lhe o que tenho:
- Um coração,
cheio
de esperança, transmudado
em rosas.
Você
Você possui
a estranheza
dos mares.
A
fascinação
dos horizontes
a perdição dos
abismos.
A infância
da velhice.
O medo do
orgulho.
Você que vomita
duplos
orgasmos,
que me excita
e me
hesita
a te desejar.
Você,
causa perdida,
Uma indignação
imatura.
Você que
se chama:
Amor.
Pedaços
Beijo
o teu o
teu sexo molhado,
Beijo
o teu colo
aquecido
pelo invisível carinho,
Invado o teu ventre,
cubro-te
despida de
inocência.
Reparto-me
na medida
exata.
Nina-me?
estou
nos
seus
braços,
Quero
estar
contigo
depois de
amanhã
e sempre.
Preciso da
sua
galáxia,
do eclipse
da sua paz.
Preciso de
pedaços
de você
para estar
plenamente
inteiro.
Desejo
Acredito mil
estrelas
na ilusão
de satisfazer
o seu
desejo
em mim.
Há desencontros
no encontro
que não
marcamos,
você me traiu
na sua fidelidade cubana,
O encanto do
Desejo
Morreu
Quando matamos
A sede dos
Nossos corpos.
Será que somos
Infinitos?
Mil orgasmos
São insuficientes
Porque
Eu não
te desejo.
Desejo
o desejo por te.
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