A Salvação pelo Pecado da Verdade
Por: Jorge Luiz da Silva Alves
Perdoa-me, Senhor, porque pequei: contra meus sentimentos mais verdadeiros, em obediência cega à Tradição – mas Deus jamais falou ser a Tradição, e sim a Verdade - ; perdoa-me, Todo-Poderoso Mestre de nossas vontades e quereres, pois prestei votos de vassalagem ao mais torpe dos soberanos, aquele amontoado de prédios, ícones, alegorias e réquiens que compõem nosso apostolado, existente apenas pela benevolência da miríade de bárbaros avermelhados em pele de rato de milênios atrás, para que o alicerce de Roma se mantivesse, invicto, a sustentar a hipocrisia dum império morto por abusos e assassinatos. Perdoa-me Eli!, pois enfurnei-me no convento dos medos e vergonhas, no seminário castrador das individualidades... afastados, por obra e graça da ordem estabelecida por reluzentes mitras da alma, não pudemos dizer, um para o outro, que nos amamos do fundo de nossos sangrados corações! Reduziram nossas juras de amor a preces sombrias, nossas roupas coloridas pela felicidade em sudários amortalhados pelo pavor, a sacrossanta sexualidade pelo pagânico flagelo dos conformados eunucos da socialidade. Perdoa-me, Senhor, pois é chegada a hora de pecar, pois “há tempo para todas as coisas”... enfim, chegou A HORA! Pequemos...
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