Orgulho de quê?
Por: Afonso e Silva
Ainda quero um dia poder me orgulhar de ser brasileiro. Não o orgulho por termos o melhor futebol e o carnaval mais animado do mundo. Muito menos porque nossas mulheres têm as bundas bonitas. Não quero me orgulhar de ser brasileiro porque o país tem riqueza natural incalculável, sexta ou sétima economia mundial. Ainda quero poder me orgulhar de ser brasileiro por termos construído uma nação justa. Um Brasil aonde se alastra a oportunidade de desenvolvimento atingindo todos. Onde a liberdade seja universalizada.
Ainda penso em ver um Brasil limpo de políticos corruptos capazes de tudo para fazer fortunas. Um Brasil que cuida de seus idosos e suas crianças. Um Brasil que investe mais em saúde, em educação, em ciência e tecnologia, em cultura e menos em estádios, obras faraônicas, parcerias público-privada onde o público custeia o empreendimento e o privado investe na arrecadação. Um Brasil que invista pesadamente na capacitação de pessoas e menos ao pagamento de juros a banqueiros inescrupulosos que sugam toda a energia despendida do povo. Um país que pague salário justo a todas as categorias – do presidente ao servente, que possibilite uma vida humanamente aceitável. Um país que respeite seus aposentados e possibilite que vivam seus últimos dias com tranquilidade e dignidade.
Não almejo a conquista da Copa do Mundo, ser campeão de luta nenhuma, de fórmula 1 ou Indy, ou coisas do gênero, mas ainda vou ter o prazer de comemorar a entrada na cadeia e o sequestro de todos os bens de agentes públicos safados, em todos os níveis e poderes. Só, então, a partir daí, ficarei orgulhoso em ser brasileiro. Mas, ao que parece, enquanto não tivermos políticos do naipe de um Wen Jiabao, Primeiro Ministro da China, que em sua rápida visita, deu uma aula de Brasil de causar inveja a todos os políticos e intelectuais do país, especialmente ao ex-presidente-sociólogo FCH, tudo não passa de sonho.
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