Soneto dos espectros falidos
Por: Arnaldo Sanza
No limiar dos verões turvos
Brotam frutos amargos das almas decadentes;
Choram juntos os espectros infelizes
Nas sombras úmidas do umbral dos desesperados.
As noites entorpecentes estouram cabeças alienadas,
O vinho cataléptico sempre volta a fazer efeito...
E o serpentear das ruas que parem becos
Escondem o cheiro do vício dissolvido em orgasmos.
O silêncio veste as ruas e o assombro em vão
Da vida comum se difere das sombras dantescas
Que compõe a ópera das almas mutiladas.
Assim é o mundo breve dos desprezados,
O paraíso funesto de uma estirpe alucinada
Que plantam idéias murchas no canteiro de escolhas mortas.
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