CORAGEM PERMANENTE PARA VIVER
Por: Valdir Sodré
CORAGEM PERMANENTE PARA VIVER
Valdir Sodré
Dedicada à amiga Simone Barreto Soares e
à minha amada mãe Joana D’Arc Sodré,
ambas acometidas pelo câncer de mama.
Não querendo ser repetitivo, de fato a vida é uma vela acesa na ventania. A vida é muito curta. Viver 70, 80 anos não nos capacita sequer de nos alfabetizarmos por completo. Definitivamente a vida foi feita para corajosos. Deus, na sua suprema onipresença criativa, nos moldou com uma capacidade extraordinária de obtermos coragem para o enfrentamento das incertezas e dos percalços da caminhada firme que nos leve a plenitude da maturidade humana nos anos que determinam o fim de nossa jornada nesse mundo terrestre.
Atingir 70, 80 ou mais anos de vida não é uma tarefa simples. Exige cautela, cuidado, autoconhecimento, enfrentamento, sofrimento, sapiência, sabedoria, tolerância, amorosidade, conformidade, esperança, harmonia, discernimento, inteligências, dentre outros dons/atributos, porém todos alicerçados na grandiosidade da coragem.
É a partir do excerto da escrita sagrada, no salmo 18, versículo 32, que inicio minha modesta reflexão: “Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho”.
Nossos caminhos não são tapetes persas que amaciam e abrandam nossos passos quando nos faltam calçados para tal. Nossos caminhos são repletos de pedras, espinhos, obstáculos e desafios. Quando somos ainda crianças normalmente nos consolamos no colo dos pais diante de situações difíceis. Com passar do tempo, alçamos vôos e nos tornamos vulneráveis e responsáveis pelo presente e pelo destino que nos abraçam numa dinâmica naturalmente independente. É nessa vulnerabilidade que a vida nos impõe que podemos ser acometidos por diversas situações complexas, dentre elas as patologias que a ciência ainda se debruça na busca de tratamentos e curas, para nos darmos o privilégio divino de vivermos mais.
Segundo Leonardo Boff, em sua sublime obra O Despertar da Águia - O Dia-bólico e o Sim-bólico na Construção da Realidade,
ao exercitar suas capacidades, o ser humano demonstra que foi criado criador. Concria junto com as forças diretivas do universo e com o Spiritus Creator. Co-pilota o processo evolucionário. Coloca sua marca registrada em todas as coisas que toca e com as quais se relaciona.
Em outras palavras, o ser humano constrói a sua história, dando sempre um toque especial muito individual nas suas pegadas da caminhada da vida, amplificando a beleza de cada digital de cada indivíduo que se veste da couraça da coragem para que um dia testemunhe de fato como vale a pena viver.
Experiência, filosoficamente, significa correr risco, arriscar-se. Portanto quem mais se arrisca na vida passa a ser proprietário de uma história de vida mais madura e experiente.
Não há receitas de como viver melhor. Muito menos de como evitar problemas que ponham a vida em risco. Não temos a chave do futuro para prever o que nos reserva mais a frente e a genética nem sempre é nossa aliada. Porém é numa infância e juventude sensatas e moderadas que nos dão a oportunidade de uma vida madura mais consistente e saudável.
Para poder refletir no que somos sempre faço o seguinte exercício: nesse momento estou num escritório que faz parte da casa onde moro. Minha casa está localizada numa rua que forma uma das quadras do bairro onde moro. Vários bairros formam a cidade onde moro. Várias cidades formam um Estado. Vários Estados compõem o Brasil, que faz parte de um dos continentes que estruturam nosso planeta Terra. A Terra é um dos planetas do sistema solar, que é a ponta de um tentáculo de uma galáxia. Várias galáxias formam o Universo. Diante disso tudo, afinal o que somos?
Somos pequenos, mas muito importantes. Somos uma comunhão de pessoas que são desafiadas a aprender a conviver juntos, a aprender a aprender, a aprender a fazer (pois não tem nada pronto) e a, principalmente, a aprender a ser. Esses 4 pilares da Educação no século XXI, segundo à UNESCO, nos remetem à necessidade de desenvolvermos todas as inteligências múltiplas (segundo Gardner), sobretudo a intrapessoal.
Definitivamente todas as nossas doenças começam na cabeça. É na forma como lidamos com a realidade no nosso consciente que acende a chama do nosso mundo imenso do inconsciente. Vale ressaltar que o inconsciente é sempre mais forte que o consciente. E sua força incalculável dá forma às coisas psíquicas no nosso corpo físico. Assim sendo, somos acometidos por problemas das mais diferentes esferas. Não entendemos porque contraímos determinadas doenças, que põem em risco nossa jornada de vida.
Enfrentar com coragem essas patologias é a única e verdadeira opção para redimensionar e repensar nossa vida. É nesse momento que precisamos acender nosso imanente, que segundo Castoriadis é chama que temos dentro si que nos mantém vivos. Sabiamente a única certeza que temos quando nascemos, mesmo que inconscientes, é que um dia morreremos.
Nosso lugar é o céu. É lá que precisamos nos reencontrar. A vida é uma passagem curta, necessária, fundamental e importante para darmos sentido aos passos de nossa caminhada terrestre. Lembre-se sempre que se em algum momento não existam passos na sua caminhada e porque Deus lhe pôs no colo para prosseguir a jornada. Coragem foi a forma que Deus nos deu para jamais perder a esperança e a capacidade para sermos resilientes a tudo aquilo que nos ameaça, nos ataca e nos hostiliza. A vida foi feita para corajosos.
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