Morte
Por: amauri valim
A vida é como ela é...
A morte é uma celebração da vida...
Não há vida após a morte. Não há espírito que se aloje noutra vida. Não há o céu ou inferno para a recompensa. Não haverá nenhum julgamento divino sobre os seus atos, mas o julgamento é dado pelo próprio homem. Não sentirás o ardor do fogo ou o sufoco da água. Nenhuma alma irá para o imaginário céu, alma é vida, portanto morreu a vida, morre a alma. Ninguém descansa na paz dada pela morte, apenas se decompõe. A cruz a vela e a coroa são símbolos pesarosos da compaixão dada pelo ente querido, que também não aliviam nenhum sofrimento causado em vida; tanto quanto uma oração fúnebre. Cristo não ressurgirá, e jamais um Deus virá julgar os vivos e os mortos. A morte é apenas um fim, é necessário desmistificar os meios da compaixão religiosa e seus afins. Morte é morte, é fim. Vida após a morte é inspiração surreal, banalidade religiosa, é uma mentira teológica com a intenção de acalmar a dor do próximo a morrer. A ética religiosa parece cuidar bem da moral da morte na perspectiva religiosa de outra vida melhor; após a vida terrena. A morte é um plano natural, o sentido da vida é um plano humano. A fé é uma base para a sustentação do homem na esperança de recompensa do milagre ou da vida eterna, quando nela crê. Vive-se na certeza de que tudo vai acabar bem, na esperança de que não seja a morte o fim de todo o sofrimento e de todos os ciclos. As crenças, os costumes fazem parte de uma ideia de recompensa no final, herança mitológica, mas nada além do próprio pó após a morte. Acredita-se que se houvesse uma passagem desta vida para outra, sem a necessidade da morte, haveria dois mundos, não sendo essa passagem possível logo não há outro mundo. A morte é o evento mais trágico e tenebroso, portanto é o evento mais celebrado da história da alma.
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