ESPERANÇA
Por: Afonso e Silva
Palavras soltas e desconexas bailam em minha mente.
Imploram que lhes dê vida.
Não posso.
Sou semi-analfabeto.
Não sei como reuni-las.
Quisera ser um letrado.
Transmitir mensagens que valesse alguma coisa.
Mas nada.
Palavras zombam de mim.
Não me dão paz.
Infernizam minha vida.
Algumas passam.
Outras vêm e continuam em minha volta.
Não desistem.
Fico imobilizado.
Nenhuma reação.
Um vivo-morto.
Algumas convidam à dança.
Quem sabe a partir da dança surja alguma idéia?
Impossível. Não sei dançar!
Enraivecidas se despedem.
Dissipam... Desaparecem...
Durmo.
Sonhando continuo a enfrentar palavras tentando que lhes dê sentido.
Não mais só as palavras, pois elas por si só dizem tudo, mas para a vida.
Mais precisamente para a minha vida.
Vida de verdade.
Paro!
Desisto de dominar as e ordenar palavras.
Agora só penso em ordenar minha vida.
Da vida que vivo.
Estou velho, mas quero mais vida.
Não uma nova vida. Seria ótimo.
Quem nos dera!
Apenas recomeçar uma outra vida.
Diferente.
Há urgência.
A noite não tarda a chegar.
Mas, esperança ainda resta.
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