A GESTAÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE
Por: Afonso e Silva
Eu fico aqui a matutar sobre a pandemia do coronavírus e dessa tumultuada fase da vida dos povos em geral e a dos brasileiros em especial, haja vista a falta de quase tudo nesse imenso Brasil. As questões relativas às injustiças sociais, essas já nem se discute mais. O poder público não move uma palha. A falta de adoção de medidas saneadoras, ou mesmo que possam minimizar esse mal que nos persegue centenas de anos, é cristalina. E, ao que tudo indica, será por toda a eternidade. A inércia do poder público é assustadora. Por outro lado os pobres há muito se acomodaram e o mesmo se deu com as elites econômicas e políticas. Os primeiros acostumaram-se à falta de tudo e os outros pelo excesso. O resultado disso é essa mesmice. Há um desestímulo inconteste à participação política da população. Não se acredita mais na possibilidade de as coisas mudarem. E realmente não irão mudar se nós, os pobres não mudarmos nossa percepção da vida e nossa capacidade de exigir justiça. Onde já se viu o pobre trabalhador que recebe uma miséria, ter que carregar essa carga gigantesca de impostos e manter a gigantesca máquina emperrada de um país que desconhece a existência desses pobres? Temos um executivo que arrecada do trabalhador e despeja tudo nos cofres dos ricos. Um parlamento que só elabora leis em benefício próprio e da elite econômico-financeira da qual a sua maioria faz parte. Embora, no caso desses dois poderes, nós somos os únicos culpados, pois estão lá com nossos votos. É verdade que somos um povo que sabemos tudo de futebol e carnaval, mas de política somos uma lástima. Agora, quanto ao judiciário, esse sim, está sempre a aplicar rigorosamente a lei, mas apenas contra o pobre trabalhador. Mas aos empresários, afagos e benesses.
Em suma, esses salafrários que governam o país e que chamam funcionários públicos de parasitas, que não dão a mínima atenção aos desamparados e aos índios. Que estão se lixando para o crescente número de desempregados. (Aliás, nem há mais empregados e sim, escravos.) Que em nome da “pátria amada brazil” vão detonando todas as riquezas minerais e a natureza em geral. Que em nome do seu ‘messias’, oferecem recompensas e progressões na carreira aos policiais que matar mais. Que tratam aposentados e desempregados como peso-morto ao Estado. Que nessa conturbada época, teimam em determinar à volta ao trabalho para favorecer empresários, ainda que os prêmios aos trabalhadores seja a morte. Para eles isso é o de menos já que há um enorme exército de reserva, só aguardando para conseguir uma vaga. E olhem que esse governo é dito cristão, mas seu cristo (minúsculo mesmo), certamente não se refere ao JESUS CRISTO que durante seus trinta e três anos vividos no planeta Terra, nunca abandonou seu povo. O CRISTO que só pregou o bem, o CRISTO que é só AMOR. O cristo deles é aquele que aparece em goiabeiras.
Apesar de todo esse descalabro, adicionado a essa calamidade do coronavírus que abateu o planeta, enxergo alguma coisa de positivo reservado ao nosso povo. Com a falta dos espetáculos futebolísticos, o povo, ainda que despreze, está um pouco mais voltado às questões políticas. Contudo, sinto que o trabalhador ainda é muito inocente. É desprovido de visão crítica, por isso continua dando crédito às notícias falsas e às falas e atos de dirigentes néscios e inescrupulosos federais, estaduais e municipais que habitam palácios e mansões pagas com nossos impostos. Mas isso vai ter um fim bem antes de a pandemia acabar e o Brasil com ‘s’, voltará os olhos para seus heróis trabalhadores, sem os quais nada se realiza. Pressinto que a covid-19 está a gestar uma sociedade mais humana, alegre, solidária e participativa. Uma sociedade que dará crédito a quem realmente merece e não a esses embusteiros saqueadores do erário
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