DECISÃO IRRESPONSÁVEL
Por: Afonso e Silva
Eleger pseudo-representantes é uma tarefa obrigatória aos brasileiros. Essa maravilha foi-nos imposta com a Constituição de 1946 logo após a queda do Estado Novo. A quem interessa todos sabemos. Nesse ano de 2020 vamos escolher novos, ou manter os antigos, prefeitos e vereadores em todos os 5.570 municípios brasileiros.
Agora eu pergunto: o Congresso e o Superior Tribunal Eleitoral combinaram com o coronavírus para não importunar os eleitores? Baseado em quê eles acreditam que novembro a peste estará sob controle? Ora senhores! Não sejamos tão inocentes para acreditar que essa pandemia deixará o povo brasileiro em paz tão cedo. Basta ver como está a se desenrolar o exímio trabalho que o desgoverno vem desempenhando para a proliferação da peste.
Que direito mais estúpido é esse de sermos obrigados a conceder autorização para renovar ou manter prefeitos e vereadores? Essa imposição costumaz, na verdade, tem como pano de fundo simplesmente conceder autorização aos ilustres caras-de-pau, membros da elite, para aumentarem suas fortunas. Não resta dúvida de que a maioria esmagadora dos políticos, agentes públicos pagos com dinheiro do povo, são nossos pseudo-representantes, pois atendem exclusivamente à demanda de empresários. Apenas como exemplos recentes vejam o que essa corja encastelada no congresso fez: extinguiu os direitos trabalhistas e tornou-se quase impossível a aposentadoria.
Que benefício a eleição traria aos brasileiros pobres. Esses já perderam até sua condição de existir, pois já não tem emprego e nem se vislumbra qualquer alternativa que não seja voltar a ser escravo. Qual a participação política do povo brasileiro, nesse cenário que todos alardeiam aos quatro cantos que o Brasil é um país democrático? Será que apenas votar obrigatório de quatro em quatro anos em quem não se faz representar é participar das decisões políticas?
Seria mesmo democracia impor ao povo a obrigação de votar em pseudo-representantes e ainda por cima trabalharmos como mesários, sem qualquer ajuda de custo? Quanto é pago ao Juiz Eleitoral? E ao Promotor de Justiça Eleitoral? Sei que tem prefeito que recebe mensalmente até R$ 26.723,13, sem contar com diárias e outros penduricalhos. Da outra ponta está o pobre eleitor que lhe dá o direito ao cargo, se ainda por milagre estiver empregado raramente irá passar de dois salários mínimos. Mas e quanto aos irmãos e irmãs desempregados?
Pelo menos se essa atitude de votar trouxesse alguma esperança de melhora aos brasileiros que sobrevivessem à pandemia, vá lá, mas penso justamente o contrário. Essa irresponsabilidade certamente irá adicionar, às existentes, novas vítimas da Covid-19 Brasil afora. Como se já não bastasse a montanha de vidas perdidas pela enxurrada de coronavírus, distribuída democraticamente entre os pobres, pelos grandes senhores e senhoras em visita ao exterior, ainda teremos que enfrentar o risco. Convenhamos! Expor os eleitores ao risco de morte é crime. Como disse nosso valente presidente cloroquina: E daí? Vamos todos morrer um dia. Ou o grande prefeito de Itabuna-Bahia: vamos abrir o comércio e morra quem morrer.
Para conclui, penso os agentes políticos que não tiveram projetos aprovados em favor das causas daqueles que os elegeram, deveriam ser obrigados a devolverem as fortunas amealhadas em função dos cargos ocupados desde 1946. Isso é o mínimo, depois a cadeia seria exemplar.
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