A Pátria
Por: Ivone Boechat
A Pátria não é o imenso território, nem o ofertório de flores que a Natureza deposita, diariamente, aos pés do Senhor; não são os rios escandalosamente grandes e lindos que saem por aí dando show de beleza e esplendor; nem tampouco montanhas e vales nada tímidos que se escancaram de amor e se declaram publicamente, sem pudor!
A Pátria tem o suave perfume do auriverde pendão da minha Terra, estandarte, cantado em prosa e verso, abençoado, consagrado
e beijado por milhões de brasileiros.
Minha Pátria parece uma menina sem juízo: cresceu, apareceu, brilhou e se esqueceu de se comportar com civismo e se vestir dignamente com a grandeza da potência dos primeiros mundos.
A Pátria sai, às vezes, de sapato nada alto, enrolada num manto bordado de democracia, gritando feito louca, sacudindo os chocalhos da dominação.
Com essa cara de viciada em berço esplendido, a menina-Pátria sabe plantar, colher e comer sozinha, já é adulta, contudo, não perdeu ainda a mania de ganhar comida na boca.
Ivone Boechat
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