Prece no Sertão
Por: Regina Sudaia
A primavera chegou, mas o primo não.
Se ela trouxe a chuva para o sertão?
Se ela trouxe alegria para o coração?
Ainda não!
Quando a seca chegou, ele partiu.
Deixando saudade, a lágrima caiu.
O fogo na mata e o suspiro que escapa.
O soluço que sacode e a saudade que maltrata.
Ele não sabe das lágrimas, nem da emoção que calam a voz e a canção.
Será que ele vem? Talvez sim! Ou não?
A primavera chegou, mas ele não.
Os pingos das lágrimas rolam no chão.
Misturam-se ao pó os pedacinhos desse coração.
O vento que sopra eleva o ar quente
E aumenta a saudade já tão ardente.
Surge uma chama queimando matagais.
Matando esperanças e deixando mais saudades para trás.
No alto de um tronco pousou um passarinho.
Trazendo no bico um pequeno raminho.
Ele revela esperança de reconstruir o seu pequeno ninho.
E no seu exemplo ergo as mãos aos céus, em oração.
E rogo a Deus, com devoção, olhai por nós!
Tende piedade dos filhos seus, oh amado Pai!
A ti entrego minha dor, meu amor e meu coração.
Que venha a Primavera!
E que venha o primo, minha paixão!
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