SE ME PERMITIR TE DIGO
Por: Joaquim Fernandes
SE ME PERMITIR TE DIGO
Permitir todas as ambiguidades,
A ponto de não me respeitar,
Ó fonte de água cristalina!
Se me permitir eu te digo
Todas as tuas ambiguidades,
A ponto de não me respeitar.
O teu viver descreve paisagens
E a pluviosidade da água do teu leito,
Correndo entre vales
É um pensamento inédito
Que se torna uma torrente rápida,
A desenhar a tua formosura;
Sonho a desafiar espíritos e ilusões,
Água cristalina da levada fonte,
Por mim foste construída com amor.
Fiz-te canal dos meus sonhos a dissipar a dor,
A matar a sede à terra e à gente;
Tu és das minhas paixões e conflitos,
Lenda bonita, mas triste e amarga.
Tens fome e sede como os bichos e eu,
Para acabar com o cenário de intrigas e paixões,
De quem a ambição é poder.
Construí-te com amor e carinho,
Fonte de água cristalina para jamais
Permitir todas as ambiguidades,
A ponto de não me respeitar.
Cabinda, 1998
João Mbatchi, (Manga Ndose Ntu)
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