Rede de intrigas e outra surpresas
Por: JOSE ROBERTO TAKEO ICHIHARA
Governar é criar polêmicas?
A notícia de que uma ex-estagiária do STF que trabalhava com o ministro Ricardo Lewandowski tinha a missão de espioná-lo e repassar as informações para o Gabinete do Ódio pouco surpreendeu quem acompanha o modus operandi deste governo. Melhor Jair se acostumando? O caso não foi comprovado, mas as buscas na residência da moça com a verificação nas suas mensagens podem revelar até onde a suspeita é verdade. Este é um dos perigos ao incentivar postagens depreciativas contra os inimigos a qualquer custo. Vale a pena?
Pouco se soube sobre a ex-estagiária, mas será que ela, caso tenha agido como se suspeita, não pensou no que estava fazendo? Ao se confirmar o seu comportamento reprovável, o STF deverá redobrar os cuidados ao admitir estagiários. Muitos que precisam desta oportunidade serão prejudicados por um ato impensado e comprometedor de uma jovem que pode ter o seu futuro duvidoso, por seu passado manchado desta forma. Será que prometeram recompensas tentadoras para ela? Ou o gosto pela aventura falou mais alto? Faltou maturidade?
Ninguém tem bola de cristal para acertar o que acontecerá com a jovem que pode ter cometido um ato irresponsável envolvendo um servidor público da alta cúpula do Poder Judiciário. Mas o que certamente acontecerá, caso ela não seja de uma família influente ou de alto poder aquisitivo, é ser jogada às feras. Sua vida e dos seus familiares virarão um tormento, os poucos amigos se afastarão... o caminho do abismo rapidamente surgirá no horizonte. Vai ganhar fama e notoriedade nas redes sociais como alguém que não é confiável, uma espiã de quinta categoria.
O fato é que assumir riscos de alta intensidade não é para todos. Dizer que as Instituições não funcionam como a maioria quer, é uma coisa; se envolver diretamente em algo que atinja os seus membros, é outra totalmente diferente. Aí a tarefa não para qualquer um. O dia a dia tem mostrado que nem todos têm costa quente para certas ousadias. Na hora que a chapa esquenta, os pés que podem ser protegidos são seletivos e o desprotegido fica no conhecido mato-sem-cachorro. É isso que a vida tem ensinado para quem assiste ao noticiário sobre os escândalos.
Mas o Poder têm lá as suas flexibilidades. Depois de tanta pendenga sobre a presença do presidente Bolsonaro para dar explicações sobre a interferência na Polícia Federal, ele decidiu que irá pessoalmente fazer isso. O assunto já ganhou mais de uma versão, mas não há estranheza quando se trata dos avanços e recuos do chefe do Executivo. Aos que observam o seu comportamento mais polido, especialmente com o Judiciário, uma recaída pode acontecer a qualquer momento. Este foi o motivo da saída do ministro Sergio Moro, após a famosa reunião.
Surpreendentemente as notícias se sobrepõem aos acontecimentos que chamam a atenção das pessoas no país. Offshore do Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, com a abolição do uso de máscara em Duque de Caxias. Votação da Reforma Tributária, com a alta de preços dos combustíveis. Ida do presidente da República à PF, com o fim do absorvente feminino gratuito para as mulheres pobres. Com tanta informação que interessa à população, qual delas prende mais o telespectador? Será que diluir os assuntos polêmicos não ameniza a indignação popular?
Convivendo com o sobe e desce nas mortes diárias por causa da pandemia da Covid-19, mas que já atingiu 600 mil vítimas fatais, a CPI sobre isso está chegando na reta final. O depoimento de um médico que foi demitido por não concordar com o tratamento precoce imposto pela Prevent Senior e de um paciente que sobreviveu, revelaram que o mundo privado trata a vida humana como um simples negócio lucrativo. Mais triste ainda é ver senador insistindo em ler artigos que pouco salvaram vidas mundo afora, defendendo este governo. Alguma surpresa nisso?
J R Ichihara
09/10/2021
|