O Fluir Da Eternidade - Parte II
Por: Lindberg R. Garcia
O Fluir da Eternidade – Parte II
Por Lindberg R Garcia
“Sem a vida futura, a moral não passa de mero constrangimento, de um código convencional, arbitrariamente imposto; nenhuma raiz teria ela no coração” (Allan Kardec – Obras Póstumas)
“É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que ele também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito não pode apreender em seu conjunto” (Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, Q. 540)
Em nosso estudo anterior, “O Fluir da Eternidade – Parte I”, abordamos resumidamente o aspecto histórico e bíblico da lei natural da reencarnação, a palingenesia. Na “Parte II”, trataremos das pesquisas científicas desenvolvidas ao redor do mundo, destinadas ao estudo das evidências reencarnatórias.
Iniciamos por trazer um grande pesquisador do nosso tempo, um mineiro triangulino nascido na aprazível cidade de Araguari, Hernani Guimarães Andrade (31-05-1913 a 26-04-2003), fundador do Instituto Brasileiro de Psicobiofísica. O eminente pesquisador elaborou a Teoria do MOB – Modelo Organizador Biológico, um desdobramento do conceito do perispírito. Realizou um profundo trabalho nas áreas da Parapsicologia e Da Transcomunicação Instrumental, que o levou a escrever inúmeras obras dentre as quais, Parapsicologia Experimental; Psi Quântico; Morte, Renascimento, Evolução; Espírito, Perispírito e Alma; A Mente Move a Matéria; Teoria Corpuscular do Espírito – livro este, que gerou inúmeros debates com outro ilustre espírita, J. Herculano Pires (25.09.1914 – 02.03.1979) - Uma Luz no Fim do Túnel, dentre outras contribuições à doutrina espírita. No livro, “Reencarnação no Brasil”, nos relata 8 casos autênticos de reencarnação que bem define o preceito: “As lembranças espontâneas ou provocadas de existências passadas são evidências da reencarnação. Os casos espontâneos de lembranças reencarnatórias, manifestadas por crianças e adultos, não são raros, como pode pensar-se”.
Outro cientista, professor de psiquiatria da Universidade da Virgínia, Ian Pretyman Stevenson (31-10-1918 a 08-02-2007), um dos mais importantes pesquisadores do tema reencarnação, por mais de trinta anos viajou pelo mundo estudando e catalogando casos que evidenciasse a volta do espírito à Terra em um novo corpo. Seu livro, “Twenty Cases Sugestive Reincarnation”, de 1966, catalogou mais de 600 casos de lembranças espontâneas que colheu em países como a Índia, Sri Lanka, Líbano, Tailândia, Burma e América do Sul.
No livro “Reincarnation And Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birth Defects”, em 2300 páginas, relata mais de 230 casos de marcas e defeitos de nascença que são fortes indícios de reencarnação. Stevenson, viveu nos Estados Unidos, onde por 34 anos dirigiu o Departamento de Psiquiatria e Neurologia da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia. Sua pesquisa inclui o tema da reencarnação, a experiência de quase morte (E.Q.M.), aparições/visões no leito de morte, a problemática do relacionamento entre mente e cérebro, a continuidade da personalidade após a morte. Em suas viagens em várias partes do mundo, entrevistando crianças e famílias com evidências de vidas anteriores daquelas, comprovando mais de 3.000 casos, o levou a declarar: “Penso que a reencarnação é a melhor explicação, embora talvez não a única, para esses casos”.
Cabe também mencionar o eminente parapsicólogo indiano, Hamendra Nath Barnerje (1929 – 1985), que em 1979 publicou o livro, Vida Pretérita e Futura, em que relata 25 anos de pesquisas descrevendo 1.100 casos estudados de pessoas que tinham lembranças de vidas anteriores, desde o local onde haviam nascido e vivido no passado, o nome dos parentes, apelidos, além de fatos do conhecimento íntimo das famílias.
Mas permanece o enigma, donde procedem as ideias de um gênio precoce? A psiquiatria e a psicologia, dizem: “é caso de hereditariedade”. Mas, então, como explicar se tais prodígios não possuem antepassados igualmente prodigiosos? Trata-se pois, de uma presunção carente de conformação empírica, haja vista, que pais notáveis geram filhos néscios, ou que apresentam neuropatias muitas vezes violentas, outros portadores de síndromes que lhes impede a manifestação do seu “eu psíquico”, pois não é o órgão que faz a função, mas o espírito transcendental é que se manifesta em um novo corpo no fenômeno palingenésico, trazendo a lume a personalidade de suas vidas anteriores. Assim, perfeitamente entendível, é que manifestações inatas na música, nas ciências, nos idiomas, na escultura, e inúmeros outros virtuosismos são inegáveis evidências da pluralidade das existências corpóreas do espírito.
Vejamos alguns casos dessas evidências; Pascal (1623 – 1662), físico, matemático, filósofo e teólogo francês, aos 12 anos, sem livros e sem mestres, demonstrou até a 32ª proposição de Euclides (matemático de Alexandria, Egito, que viveu no ano de 300 a C, chamado o pai da geometria), publicou um livro no qual avançava além do mestre. Mozart (1756 – 1791), o compositor austríaco aos 5 anos falava corretamente o francês, o alemão, o latim e aos 6 escreveu um concerto para cravo. Goethe (1749 – 1832), dramaturgo, romancista e filósofo alemão, antes dos 12 anos, escrevia em várias línguas. Laibniz (1646 – 1716), filósofo e matemático alemão, aos 6 anos aprendeu a sós o latim. Bacon (1561 – 1626), filósofo, político e ensaísta inglês, com a mesma idade, já era conhecido por sua cultura filosófica. Extraordinário não?
Contrapondo à hereditariedade, Sócrates (470 a. C), filósofo ateniense, era filho de um modesto artista. Demóstenes (323 a. C), grande orador ateniense, teve como pai um modesto ferrador. Virgílio (70 a. C), poeta italiano, autor do poema épico Eneida, era filho de um administrador de fazendas. O grande jornalista, contista, romancista, poeta, teatrólogo, fundador da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis (1839 – 1908), teve por mãe uma humilde lavadeira.
Provado está, pois, que a tese materialista da hereditariedade não responde os anseios da filosofia em justificar tais casos. Só a palingenesia – a reencarnação - abre, de forma irrepreensível, suas portas a comprovar este e outros fenômenos da natureza. Sócrates afirmava que “aprender é recordar”, ou seja, o espírito vai formando o seu psiquismo aurido nas múltiplas vidas sucessivas, voltamos a frisar, nada de incoerente na simbiose “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir incessantemente, tal é a lei”. (aforismo insculpido no dólmen de Allan Kardec no histórico Cemitério Père-Lachaise, em Paris).
Leon Denis (01-01-1846 a 12-04-1927), pensador espírita, médium e um dos principais continuadores do espiritismo após o desencarne de Allan Kardec, ao lado de Gabriel Dellane e Camille Flammarion, abonando a tese espírita de que a inteligência é atributo do espírito e não da matéria, lembra que gênios foram pais de filhos néscios, como Marco Aurélio (121 – 180 d C), conhecido como “o imperador filósofo”, que cultivava ideias de justiça e bondade, gerou Cômodo, que desde criança era cruel, libidinoso, e pervertido em todos os seus atos.
Inúmeros casos de evidências reencarnatórias, “não são raros como pode se pensar”, como nos alerta Hernani Guimarães Andrade. Somente a lei palingenésica responde às questões filosóficas de tão diferentes personalidades como as que acabamos de enumerar. Não é difícil, portanto, que se encontre casos como o de uma criança de apenas 9 anos – à época em que se teve conhecimento do notável fato – de nome Sho Yano, tenha sido um dos estudantes da Universidade de Loyola, em Chicago, Estados Unidos, para graduar-se na cadeira de medicina. Yano, descendente de japoneses e coreanos, um pequeno gênio, cujo coeficiente intelectual (QI), supera os 200 pontos.
Um outro jovem estudante, de 12 anos, Matheus Marcus, residente em White Plains, subúrbio de Nova Iorque, um autodidata em matemática, química, e física, que apenas em 2 anos completou os 6 anos da high scholl. De comportamento compatível a uma criança da sua idade, exceto ao se debruçar sobre os livros de cálculos avançados, mecânica, química e outros. Impressiona também o caso de Iris Farczády, uma húngara, que em 1933, aos 16 anos, assumiu a personalidade de uma espanhola de 41 anos chamada Lucía, desencarnada anos antes. Iris Farczády esqueceu totalmente o idioma húngaro e passou a falar o espanhol fluentemente. Nunca mais voltou à personalidade anterior. O caso está registrado no livro Paranormal Experience and Survival of Death, De Carl Becker, professor de ética médica da Universidade de Kioto.
Para não estendermos por demais a lista dos casos de evidências de vidas sucessivas, deixamos para encerrar nossa crônica, com o caso de Sibelius Donato Tenório, nascido autista em 22-06-1973, em Campina Grande/PB, de parto prematuro com apenas 6 meses de gestação e pesando apenas 1.100 Kg. Os médicos afirmaram que a criança não sobreviveria. Entretanto o pequeno Sibelius, com a idade de menos de 4 anos, não engatinhava e nem falava. Arrastava-se de costas no chão. Nesta idade, certa noite, brincando com o piano do pai, acordou toda a família ao som das músicas “Assum Preto”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e a Sinfonia 40, de Mozart. Aos sete anos foi matriculado no Conservatório de Música de Belém do Pará. Após um mês de frequência, avisaram à família que nada mais havia a lhe ser ensinado. Em 2007, recebeu a “Medalha Augusto dos Anjos” dadas aos destaques paraibanos na cultura. Aos 12 anos, apresentou o seu primeiro recital em Maceió/Alagoas e entrou para a galeria dos meninos prodígios do mundo. Sibelius tornou-se conhecido ao apresentar-se no programa Fantástico da Rede Globo de Televisão em 1986, e no programa Jô Soares em 1991. Sibelius, além de compor 460 músicas gravou os seguintes CDs, Uirapuru, Outono em Primavera, Ecos do passado, Classe em Clássicos.
Há um adágio popular que diz, “só é cego aquele que não quer enxergar”, e aqui estamos nós, diante de uma grande realidade da vida, desta e da futura, conforme nos ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo 3, item 13: “As qualidades inatas que as pessoas trazem consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso”.
Não nos esqueçamos do célebre diálogo de Jesus com Nicodemos: “Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo.”
É o fluir da eternidade. Graças a Deus.
* O presente texto faz parte do livro “Crônicas Espíritas”, publicado pela editora Clube de Autores.
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