BOZO DOS PAMPAS
Por: Milton Menezes
A vitória de Milei nas urnas, como também a de Trump e Bolsonaro no passado, é nada mais que a confirmação de que a História se repete. Salazar, Franco, Mussolini, Hitler, Tito, Trump, Bolsonaro e agora Milei, todos são produtos das ondas repetitivas da História. Como sabemos, ondas vêm e ondas vão. Nos EUA como no Brasil, e na Argentina as ondas irão também se recolher, como faz parte da ressaca.
A pergunta que se impõe é porque a História acontece da forma que a percebemos, através dos anos e séculos. A resposta não cabe aqui (não se preocupem, eu nem tentaria entrar neste tema aqui). Entretanto, me permitem umas pinceladas tranquilas.
Fiquemos com dois exemplos mais fáceis de se rememorar. No caso de Hitler, como no de Mussolini, o pano de fundo foi por um lado a crise na economia mundial em 1929/1930. É verdade que a Primeira Guerra Mundial, a chamada Grande Guerra, teve impacto mais direto sobre a Alemanha. O Armistício de 1919, assinado no Palácio de Versailles, com a criação da Liga das Nações, foi para a Alemanha um pleonasmo de derrota, que o país teve que engolir em forma de imposições dracônicas.
O resto é repetição da História. Anseios de bem-estar na população desempregada, vasculhando gravetos nas matas para se aquecer nos invernos europeus, tomando sopa de água morna para enganar o estômago. Naturalmente, com esses pressupostos, a ascensão de um insano como Hitler ficou cômoda.
Na Itália a situação não foi outra, Mussolini também presenteou o povo com sua lábia, prometendo menos Estado e mais qualidade de vida para os italianos.
Trump também não apenas prometeu menos Estado, mas retirou mesmo os EUA de várias instituições internacionais e só não desmontou o país porque isto o Congresso não aceitaria.
No Brasil, Bolsonaro também pisoteou o MERCOSUL, descartou várias organizações internacionais que se empenham em ajudar a evitar o desmatamento da Amazônia, transformou a PF numa marionete de suas manipulações das instituições públicas. O roubo dos Rolexes é apenas um exemplo simbólico, microscópico, do que acontece quando o eleitorado acredita que com a chegada de um demagogo, ladrão de galinha, batedor profissional de carteiras, a vida vai melhorar.
Na Alemanha, perceber a realidade não ajudou muito, porque ao final da Segunda Guerra Mundial Hitler já tinha eliminado grande parte da população sensata cristã, como a maioria dos Judeus e minorias sociais. Tudo foi recolocado nos eixos apenas com a chegada dos Aliados a Berlim em 1945, chegando do Oeste e dos russos chegando do Leste.
Na Itália, o povo pendurou Mussolini num teto de posto de gasolina em Turim.
Nos EUA o povo desescolheu Trump nas urnas, no Brasil cortamos as asas de Bolsonaro também nas urnas, tudo muito em cima dos números, quase sucumbindo de novo, mas foi possível. A História se repetiu, com roupas novas, de mangas curtas, mas se repetiu.
Os argentinos também terão que enroupar a própria história com as cores que lhes convenham. Por isso tudo, não existe muito motivo para demonizar o resultado das urnas na Argentina. Na Argentina, como no Brasil, foi tudo nem tanto para o Céu como nem tanto para a Terra.
Milei não vai tirar a Argentina da inflação galopante, pelo contrário, ele vai muito mais conseguir pisotear tudo ainda mais, como promete, vai produzir mais problemas que resolver. E no Brasil? Temos Lula também pisoteando um pouco nos meios de combate à inflação, demonizando o Banco Central, distribuindo cargos para manter em vida sua administração zumbi, endeusando o Hamas contra a corrente dos países civilizados que combatem o terrorismo. Mesmo assim, Lula pode ter sido o Mal menor, como em quatro anos, quando Milei for deposto nas urnas, se poderá nutrir a esperança, de que os pampas ainda existem e se poderá reconstruí-los como os conhecemos nas décadas de democracia argentina.
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